segunda-feira, 28 de junho de 2010

"Cruijffianos"

Famílias nordestinas sofrendo com o alagamento, Grécia tentando sair da crise, Goleiro Bruno, ex-Galo, sendo acusado de assassinato, professores estaduais conquistando o direito de reajuste salarial anual, e tantos outros assuntos a serem ditos.Mas o mundo só quer saber de uma coisa: a copa da África. Coisa chata né? Mas eu também não resisto! Portanto, aos amantes do Futebol, vamos "futebolar"! E deixem dizer que futebol é só uma futilidade em que as pessoas levam a sério apenas para esquecer os problemas da vida, e deixem dizer que o futebol deixou de ser um esporte e se tornou um mero negócio em que os torcedores pagam o Pato (ou o Ganso), e deixem dizer que o Brasil é a melhor seleção do mundo. Tá, tudo isso tem algum fundamento, mas não são verdades incontestáveis (se é que elas existem). Muito pelo contrário! Porque pensar só nos problemas? E sinceramente, é muito melhor esquecer das contas a pagar assistindo "22 homens correndo atrás de uma bola", como dizem por aí, do que assistir as Helenas de Manoel Carlos, barracos de família, desfiles de langerris (no mute, pode ser interessante, as vezes...)ou fofocas do mundo das celebridades. Num mundo onde até religião virou comércio, o futebol é um negócio em que o fiel tem a escolha de contribuir ou não, sem ter peso na consciência de não ir para o céu. E sobre a afirmação do Brasil ter a melhor seleção do mundo, historicamente falando é difícil desconstruir essa idéia, mas em relação ao futebol atual, é fácil discordar, basta acompanhar a Copa e ver o futebol pouco convincente da seleção do Dunga, apesar dos bons resultados alcançados pela Canarinho até aqui, e só até aqui, afinal, sexta feira está chegando.

Mas essa volta toda é pra falar daquilo que o título do post remete: o holandês Johan Cruijff.
Um dos maiores gênios que o mundo do futebol já viu. Junto com Rinus Michels, seu treinador no Ajax, Barcelona e na seleção Holandesa, que por sua vez se inspirou no também treinador do Ajax do início do sec XX, Jack Reynolds, criaram o Futebol Total, ou como conhecemos aqui, o Carrossel Holandês. Se quiserem ver como funciona o Carrossel Holandês, vai a dica de um vídeo da copa de 74, jogo Brasil 0x2 Holanda:



Trata-se da maior revolução que o futebol já viu! Não havia posição fixa dos jogadores. Havia uma equipe, onde todos exerciam a função única de doar o máximo em prol da coletividade, de acordo com a necessidade da partida. Um time que jogava sempre pensando no ataque, com muita pressão na saída de bola adversária, e sendo regidos pela habilidade de Johan Cruijff. É bem verdade que a seleção de 74 não ganhou a copa daquele ano, perdendo de 2 a 1 na final, por capricho dos deuses do futebol, para a anfitriã Alemanha de Franz Beckenbauer , mas o feito daquele time gerou uma modificação mundial na forma de pensar a tática futebolística. Em 88, sob comando de Gullit e Van Basten, a Eurocopa é conquistada pela Laranja Mecânica, ainda influenciada pela jeito Carrossel de jogar.

Menciono tal história para dizer que, apesar de brasileiro, patriota e amante da nossa cultura, o lado futebolístico do meu coração não se apega à Seleção de nosso país, e pra dizer bem a verdade, somente de 4 em 4 anos vemos a "paixão" que o povo brasileiro tem por sua seleção, e isso é o mais irritante. No intervalo entre as copas, não há sequer uma vuvuzela sendo soprada em favor da Seleção Canarinho em seus amistosos, copa américa ou eliminatórias. Gostamos é de ver o mala do #calaabocaGalvão e seus fiéis escudeiros da Globo chorarem com uma derrota, principalmente se o RRRRRRonaldo fenômeno estiver em campo. Como toda generalização é injusta, faço uma ressalva: há aqueles que gostam da seleção brasileira como gostam dos seus clubes do coração, e que realmente se importam quando há um jogo e ficam felizes não só por ter sido liberado do serviço mais cedo.

Já que citei os fiéis escudeiros de Galvão, aproveito a deixa para falar de um comentário no mínimo infeliz de Casagrande após a vitória do Brasil sobre o Chile. Em outras palavras, o comentaristas disse que a Holanda não tem uma estrutura psicológica bem formada para seguir em frente na Copa, já que há uma rixa interna entre os jogadores brancos, nascidos na própria Holanda, e o jogadores negros, oriundos da Guiana Holandesa, que hoje é o Suriname. Realmente não sei de onde o "Casão" tirou isso. Primeiro que saiu uma reportagem no globo.com sugerindo o inverso do que foi dito pelo comentarista: http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-do-mundo/holanda/noticia/2010/06/psicologos-creem-que-laranja-pode-finalmente-conquistar-copa.html e segundo que vendo as imagens do jogos da Holanda, não há como dizer tamanha bobagem.

Sobre o duelo das quartas de finais entre Brasil e Holanda, espero ver um grande jogo, assim como o de 74, de 94 e de 98. O placar geral está 2 a 1 para a seleção verde e amarela. Chegou a hora do empate!

Para encerrar, deixo um abraço para meu amigo da foFÚRIA. Que haja o duelo entre o romantismo espanhol e o futebol total da Laranja Mecânica na finalíssima!

Go Netherlands!

domingo, 6 de junho de 2010

"Matar o falso ser interior"

"Gostaria de repetir o conselho que lhe dei antes: acho que você deveria promover uma mudança radical em seu estilo de vida e começar a fazer corajosamente coisas em que talvez nunca tenha pensado, ou que fosse hesitante demais para tentar. Tanta gente vive em circunstâncias infelizes e, contudo, não toma a iniciativa de mudar sua situação porque está condicionada a uma vida de segurança, conformismo e conservadorismo, tudo isso que parece dar paz de espírito, mas na realidade nada é mais maléfico para o espírito aventureiro do homem que um futuro seguro. A coisa mais essencial do espírito vivo de um homem é sua paixão pela aventura. A alegria da vida vem de nossos encontros com novas experiências."

NA NATUREZA SELVAGEM (Into The Wild - 2007)

O filme, baseado em fatos reais, conta a vida de Christopher McCandless (ou Alexander Supertramp). Para resumir bem a história, segue um trecho escrito pelo próprio Christopher, gravado num pedaço de madeira, em 1992:

"Dois anos ele caminha pela Terra. Sem telefone, sem piscina, sem animais de estimação, sem cigarros. Liberdade total. Um extremista. Um inusitado viajante cujo lar é a estrada. Fugiu de Atlanta. Não deseja voltar porque o Oeste é o melhor. E agora depois de dois anos de caminhada aproxima-se a grande e final aventura. A culminante batalha para matar o falso ser interior e vitoriosamente concluir a revolução espiritual. Dez dias e noites de comboios de mercadorias e de boléias trazem-no para o grande norte branco. Sem continuar a ser envenenado pela civilização ele foge e caminha solitário pela terra para se perder em meio à natureza selvagem."

Matar o falso. Es muß sein!
Sendo a fuga inviável, esconda-se em si mesmo. Se este esconderijo estiver escuro, sem lhe trazer segurança, busque, com muito afinco, uma luz chamada verdade. Sua própria verdade. Assim não será preciso fugir. Afinal, escapar das doenças da sociedade não a faz ficar mais curada. Basta repensarmos nossa postura perante a estas patologias. A causa delas não são geradas de fora para dentro e sim o inverso. Somos tumor benigno ou maligno?
Fazer da rotina uma natureza selvagem. "Eu vou parafrasear Thoreau aqui... mais que amor, que dinheiro, que fé, que fama, que equidade... dê-me a verdade."

Direção e roteiro de Sean Penn, e trilha sonora de Eddie Vedder.
Aqui vai um aperitivo:


"A felicidade só é real quando partilhada."

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Tem que ser assim. (?)


Foi este o nome que escolhi para o Blog.
Es Muß sein. (Muß es sein?). Afirmativa ou interrogativa, esta expressão alemã é citada por Milan Kundera em seu livro (recomendadíssimo!) "A Insustentável Leveza do Ser" e se trata do último movimento do último quarteto de Beethoven. Segue a história:

"Um certo senhor Dembscher devia cinquenta florins a Beethoven, e o compositor, sempre falido, foi pedir-lhes. "Muß es sein?" (tem que ser assim?), suspirou o pobre Dembscher, ao que Beethoven replicou num tom jocoso: "Es muß sein!, tem de ser !", imediatamente anotou as palavras no seu caderninho e compôs a partir desse tema realista uma pequena peça a quatro vozes."

Porque escolhi este nome?
Por dois motivos: o primeiro é por causa da história da sinfonia composta por Ludwig Van Beethoven, grande ídolo do Alex De Large! Foi criada a partir do simples, de um acaso, de uma percepção apurada. Admiro muito isso.
O segundo motivo é pela expressão em si. O que tem que ser, mas porque que tem que ser? O que é fato consumado? O que pode ser questionado?
Exemplificaremos nas postagens seguintes. Sim, exemplificaremos. Que aqui seja um espaço democrático, de trocas, de feedback! Vamos imaginar juntos.

E que não falte música! um trecho de "Pra Manter ou Mudar" do Móveis Coloniais de Acaju, para ilustrar!:

"Tudo que irá existir

Tem uma porção de mim
Tudo que parece ser eu
É um bocado de alguém
Tudo que eu sei me diz do que sou
Tudo que eu sou também será seu."

Pra Manter ou Mudar. Encontrarão mais vezes este nome por aqui, e por aí! Num é?!

Sejam bem vindos, e um muitíssimo obrigado àqueles que me incentivaram a inaugurar este espaço!